quarta-feira, 18 de março de 2009

Manifesto Troll

Desde muito antigamente temos visto pessoas vazias e descartáveis que usando de belo vocabulário e termos complexos se tornam vistos como intelectuais, sábios, revolucionários. Ao mesmo tempo, há aqueles que seguem o caminho contrário, conseguindo ainda assim, serem mais desprezíveis que os citados anteriores,falo daqueles que se fazem de populares para vender suas obras e conseguir sucesso comercial, alguns destes se mascaram como nacionalistas exarcerbados, comunistas que buscam a igualdade entre as classes,liberarais, libertinos, ou qualquer desgraça do tipo.
E não é momento de mudar, pois não é errado escrever tais tolices, o errado é criar regras com esses conceitos, o certo é que na escrita não haja regras além daquelas necessárias para a comunicação.
O Trolismo é assim chamado por considerar como vazia qualquer ideologia ou regra extrema dentro da literatura, incluindo o próprio conceito de revolução, de certo e de errado. Mesmo nas Revoluções Literárias já ocorridas, criadas para destruir as regras anteriores e criar liberdade, houve a criação de novas regras, pois até mesmo nos movimentos menos tradicionais que pregam que a escrita deve ser livre e desregrada, há a regra, a regra de não haver regras. Mas por que um escritor em plano século não pode escrever uma epopeia de versos decassílabos perfeitos e rimas ricas? Ora, ele pode, faz o que tu queres e há de ser tudo da lei, ao mesmo tempo que não há problema em um livro chamado "Fezes Decepadas" que conta a história de um anão necrófilo que fuma maconha e caça andorinhas. Ideologias criam disputas, que criam conflitos, e essa não deveria ser a intenção da literatura, por isso o Trolismo se vê livre de qualquer ideologia clara, a não ser a função que deveria ser a principal da literatura: entretenimento. Claro, o entretenimento não precisa ser estúpido e mal feito, mas antes ler Capitão Cueca por prazer do que ler A Divina Comédia para "pagar de intelectual", a partir do momento em que se lê para se pagar de intelectual, e não por prazer, que se lê por pressão da sociedade que considera a tal obra como um Clássico Indispensável, e não porque se gosta do livro, então a leitura não tem nenhum valor, pois é apenas uma autoilusão mal feita e ridícula. Nós Trolistas desprezamos pessoas que pagam de intelectual, que se acham superiores por terem lido Ovídio e Platão, mas também desprezamos os ignorantes por vontade própria, que acham que Ovídio e Platão são velhos, cafonas e não servem para nada, nós sabemos que esses dois autores clássicos têm muito a adicionar em sua leitura, mas que o fato de uma pessoa ter esse conhecimento não a faz superior a alguém que não leu. Resumindo, o princípio do Trolismo é "Gosto não define pessoa", o gosto de alguém pode dizer sobre o gosto de alguém, não define quem a pessoa é, pois há quem leu a obra completa de Aristóteles, Shakespeare, Virgílio e Machado de Assis e mesmo assim continua sendo um idiota, um vazio, um "macaco imitador sem luz própria", e há aquele que só leu Turma da Mônica e Tio Patinhas, mas ainda sim tem seu valor,é esforçado, ou responsável, bem sucedido (de modo digno) ou naturalmente inteligente. O gosto refinado não define uma pessoa refinada, pode ser um dos indícios, mas não o fator decisivo, darei por exemplo: um grande físico, que fez grandes descobertas teóricas sobre o funcionamento de partículas nucleares, e, seu tempo livre gosta de ler gibis e assistir novela; um boêmio, que passa o dia bebendo e não tem trabalho, sendo sustentado a vida toda sustentado pelos pais, quando chega em casa aprecia a leitura de um bom clássico como Don Juan e Ilíada. O mesmo se aplica à música, mas esse manifesto é sobre livros, não canções, então não apronfudaremos o assunto, mas que fique claro que é a mesma coisa. O nome Trolismo vem de Troll, palavra utilizada para designar pessoas que xingam as outras de modo estúpido na Internet. Parece um nome bastante ruim, mas ele foi escolhido porque nós queremos "tacar fogo" nas regras e nas ideologias. Trolls da internet falam merda pra se divertir, nós os trolls literários iremos escrever e ler para nos divertir do mesmo modo, sem ligar pra convenções sociais, regras, ou qualquer merda do tipo, e a prova disso é linguagem que estou utilizando nesse manifesto, totalmente acadêmico, com algumas palavras antiliterárias, mas bastante claro e compreensível.

Por tudo isso, o trolismo tem como única função o entretenimento do leitor, e do próprio autor, pois um livro que é escrito seguindo-se regras e com a preocupação de estar dentro do padrão não é um livro sincero. Depois de tudo isso, ainda não desprezamos totalmente os ideias, mas achamos ridículo que as pessoas leiam exclusivamente por causa deles, e não pela história em si, por isso, não é necessário que todo livro Trollista esteja vazio de ideias e ideais, o mais incrível do Trolismo é que ele aceita textos cheios de ideia e ideal, pois se não aceitasse, não seria realmente livre, e essa única exceção se tornaria uma regra, o que acabaria com o sentido de toda a "ideologia trol" (soa contraditório, mas foi uma piadinha), resumindo, o livro trol aceita a total liberdade do autor que escreve, desde que ele escreva por si mesmo, e não seguindo uma regra, ele pode colocar no papel todas as ideias em que acredita, mas ele não pode seguir um padrão que não lhe agrada para obter sucesso ou reconhecimento, o troll precisa escrever o que quer, o que gosta, e o leitor troll deve também ler o que quer e o que gosta. Resumindo mais uma vez, o troll pode ter ideologia, mas esse nunca foi e nunca será o foco do movimento, que busca a diversão, a diversão (quantas vezes preciso repetir pra que isso entre na cabeça do leitor?). Ainda assim existe uma regra, sem a qual o trolismo não passaria de uma grande tolice, e essa regra é:

Não há a necessidade do uso da gramática extremamente culta e nem mesmo da linguagem coloquial popular, isso fica a gosto do autor, mas existe a necessidade de seguir as regras básicas de nossa linguagem escrita, as palavras devem ser escritas com a ortografia correta, os tempos verbais corretos, e principalmente, o texto deve estar claro e ter a boa utilização das vírgulas, sem essas regras, qualquer analfabeto poderia escrever um livro troll, e isso tornaria a leitura divertida em uma leitura ridícula e irritante. "Eu foi alli onti, intaum eu fuhi cumê minha amyga pq eu amo muito ela e eu sou velho amigo dela carai". Você leria um livro assim? Creio que não, por isso eu digo, essa é uma regra que separa a "frescura" da mediocridade total. Ah, mas não precisa usar mesóclise e coisas que ninguém nunca usaria na fala, não exagere na utilização da norma culta a menos que queira, mas nunca, NUNCA, escreva como um analfabeto.

"Não leia pra ser um culto, leia por diversão."

Ah, e obviamente eu estou falando de Literatura, isso não se aplica a livros de ciências, filosofia e do gênero, mas se aplica a qualquer forma de arte, seja música, seja, pintura, escultura, teatro ou qualquer uma das formas possíveis de arte.