quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Jogador

Brasília,Brasil 08/09/2001

“Derrotado nos meus primeiros jogos, mas mesmo assim estou fascinado por tão criativo jogo, tenho me interessado por assuntos por muitos assuntos obscuros desde que era bem como, o RPG Goetic apresenta muito bem esse contexto, a guerra entre as legiãos infernais goéticas e os anjos tradicionais das nossas tolas religiões ocidentais. Procurando no Google, percebi o quanto tudo isso é fascinante, se eu pudesse invocar meu próprio demônio e vender minha alma, me sentiria bem melhor, mas talvez isso não fosse o bastante, eu sinto como se eu fosse destinado a algo mais, a muito mais.” O garoto pensava concentradamente enquanto fazia pesquisa sobre pactos sobrenaturais no famoso site de buscas.
“"Óh Tudo o que é luxurioso e vil, Óh almas zombeteiras, Óh almas perturbadas e doentias, Òh demônios infernais, venham todos a mim, eu abro meu corpo para que habitais nele! Venham a mim e me sirvam, me tragam tudo o que eu desejo, e eu retribuirei com ódio e terror sobre a terra! Eu em plena consciência e sabendo das conseqüências cármicas, invoco todas as hostes infernais ao meu serviço e em troca serei teu escravo até que se esgote todo o cárma que eu contrair, Meu nome era (fulano de tal) agora é Ragnarát, agora é Ragnarát, Agora é Ragnarát. Isso é o melhor que posso achar? Não, não me convence, por que Ragnarat? Satã que me perdoe, mas prefiro ser chamado de Josimara, esse nome me lembra Ragnarok, e eu já passei da fase de jogar aquilo. Eu usaria outro nome para mim mesmo, embora ainda não tenha certeza de qual, mas assim não funcionaria um desses pactos clássicos, mas acredito que o verdadeiro segredo esteja na parte de eu acreditar e realmente estar disposto a pagar o altíssimo preço que o mestre pedirá. Tem uma figura que sempre tem me interessado bastante, talvez se eu mudar esse ritual um pouco, eu possa fazer exatamente como pretendo” Ele digitou rapidamente alguma coisa e imprimiu logo depois, seus pais ausentes não se importavam com o fato dele estar imprimindo invocações de demônios no computador da família, só não queriam ser incomodados.
“Pronto, agora basta eu ir a algum lugar livre de presenças incômodas, aqui diz que beber e fumar deve ser o bastante, mas eu sou um verdadeiro ser demoníaco, maconha talvez seja o bastante, ainda bem que tenho uns 10 baseados escondidos na minha gaveta, nada como ter dinheiro livre para ser gasto, melhor ainda é ter um conhecido dono de bar que te vende Pedra 90 sem frescura de maioridade.” Ele guardou o papel dentro da cueca, pegou seus baseados escondidos na gaveta em que ninguém nunca mexia e colocou tudo na mochila que deixava em cima da cama, colocou nas costas e saiu do quarto, sem nem mesmo desligar o computador, desceu, saiu sem dar satisfações a ninguém e foi para o bar onde costumava ir, às vezes. Havia comprado uma corrente em forma de lobo no dia anterior, estava no bolso, na verdade, possuía uma placa com um lobo esculpido.
- Véi, quero 4 garrafas de Pedra 90? – O menino deixou 10 reais na recepção, onde o velho vendedor esperava pelos seus clientes.
- Tá querendo morrer hoje, menino? – O homem riu, deixou as 4 garrafas da forte cachaça sobre o balcão, junto com o troco.
- É, quero sim. – Ele sorriu e pegou as garrafas, colocando-as dentro de sua mochila, saiu sem falar mais nada, agora só faltava achar um lugar apropriado. Procurou e encontrou um lugar perfeito para o que iria fazer, um Shopping, o Pátio Brasil.
“Genial, esperarei que eles fechem tudo para ficar sozinho aqui, então quando estiver só, farei tudo que preciso e talvez ainda use os objetos das lojas para me auxiliar.” Pensava animado, se escondeu nas escadas de emergência, lá ele ficou enrolando até que ouviu os passos de um funcionário, ele se escondeu como pôde, já era hora de fechar o mega estabelecimento, e foi exatamente o que foi feito alguns minutos depois, todas as luzes foram apagadas e ele acabou sozinho, dentro do Shopping, sem ninguém para atrapalhá-lo.
- Todo meu! Esse lixo é todo meu! – Começou a gritar feliz, era o tipo de maluquice que sempre sonhou em fazer, tirou suas garrafas de cachaça da mochila e virou uma de uma só vez, provando que era um verdadeiro pé de cana e que seus rins eram de ferro. Ficou bem tonto com a primeira garrafa, mas ainda tinha que beber muito, o difícil seria conseguir ler o que havia imprimido, por isso que fez com letras bem grandes e legíveis.
“Acho que mais 2 garrafas e 2 baseados serão o bastante. – Bebeu outra garrafa logo depois, e outra, com mais dificuldade, depois da segunda, bebia muito rápido, mas a essa altura já estava bastante bêbado, tentou subir as escadas para chegar no centro do Shopping, teve que subir rastejando, pois estava tão bêbado que não conseguia andar direito.
“Agora só mais dois baseados.” Era impressionante que ainda conseguisse pensar, quando já estava na área comercial do estabelecimento, longe das escadas de emergência, difíceis de se subir sob o efeito de álcool, mas então pegou sua maconha e acendeu com um isqueiro que sempre levava no bolso, fumou com bastante prazer, logo já estava tendo alucinações, via lobos correndo em volta do seu corpo, eles uivavam alto e chamavam por seu verdadeiro nome, eles também pronunciaram outro nome.
Se eu fosse escolher um nome, seria algo baseado no meu personagem favorito dos jogos de monstros, os lobisomens, minha paixão poderia representar muito bem, sem falar que como um bom estudante das artes ocultas, o lobo sempre é um excelente símbolo, um predador nato e independente. Tá aí, eu gostaria de me chamar lobo, nunca gostei do nome tosco que meus pais me deram, e vendo que eles chamam por mim
“Se eu fosse escolher um nome, seria algo baseado no meu personagem favorito dos jogos de monstros, os lobisomens, minha paixão poderia representar muito bem, sem falar que como um bom estudante das artes ocultas, o lobo sempre é um excelente.” símbolo, um predador nato e independente. Tá aí, eu gostaria de me chamar lobo, nunca gostei do nome tosco que meus pais me deram, esses lobos em volta de mim não podem ser mera coincidência, já está na hora de invocar o mestre.” Pensava como se estivesse sóbrio, colocou a mão dentro das roupas íntimas, tirou o papel que havia imprimido, havia a sua própria invocação escrita com letras grandes e legíveis, se ergueu com esforço, e conseguiu, podia ser um garoto bastante irresponsável, mas era forte, e suas irresponsabilidades haviam moldado resistência física e mental nele através de duras experiências das quais nunca se arrependeria. – Pegou a corrente no bolso e colocou no pescoço, com dificuldade.
-Óh não nascido, de tudo o que é luxurioso e vil, oh almas perturbadas e doentias, oh demônios de todas as legiões infernais, venham todos a mim, eu abro meu corpo para que habitais nele! Venham a mim e me sirvam, me tragam tudo o que eu desejo, e eu retribuirei com ódio e terror sobre a terra! Eu em plena consciência e sabendo das conseqüências que se abaterão sobre mim, invoco todas as hostes infernais ao meu serviço e em troca serei tua ferramenta até que meu corpo apodreça sobre meu próprio pecado e perdição. De tudo que há de imundo e profano, eu deixaria que todo o mal habite em mim e me transforme em um novo ser, meu nome era. – Tossiu na hora de falar seu nome, estava segurando, e soltou no momento indesejável, já que chegava a odiar pronunciar seu nome, lia a folha atentamente, com dificuldade por causa do álcool, mas conseguia se lembrar das partes muito embaçadas. – e agora meu nome é Lobo, agora sou um lobo, predador de homens, um demônio sob a pele de humano, um verdadeiro lobo infernal, abdicando de toda a minha paz para ir no caminho imundo do prazer mundano, meu mestre. – Em nenhum momento ele pronunciou o nome da entidade, mas sua mente se concentrava bem na criatura que apareceria diante de seus olhos, continuava vendo e ouvindo os lobos correndo à sua volta, seu coração estava disparado, a emoção era muito forte, segurava o colar de lobo, a partir desse momento, aquele colar teria um significado especial, e sempre o usaria.
- Eu estou contigo, filhote de lobo. – Uma criatura sem rosto falou para ele, podia ser um mero delírio, ou não, o fato é que o garoto o via ainda melhor do que via o chão em que pisava, e aquela voz poderosa o fazia sentir um certo temor.
- Meu senhor, habite em mim. – Ele se ajoelhou, implorando à criatura.
- Entrarei em seu corpo e seremos como um só, filhote de lobo, escreva tudo que eu pronunciar para você nos próximos momentos a partir do momento em que eu disser que deve. – O ser foi para cima dele, que sentiu uma sensação impossível de se descrever, como se ele morresse, fosse engolido pela escuridão e renascesse, os lobos continuavam rodando.
- Meu senhor. – Tiro uma caneta do bolso da calça, felizmente sempre levava, já que era sempre útil ter algo para escrever no caso de necessidade, como naquele momento.
- Ele está no meu corpo, aquela entidade superior cuja face não pode ser vista, sou agora o verdadeiro terror encarnado, livre do medo e da culpa, as mais fracas emoções humanas, ele me guiará para que obtenhamos tudo que nós desejamos, e uma vez morto como humano, estarei vivo como um verdadeiro lobo, e o mestre continuará mesmo que meu corpo físico morra, no corpo de outro que me sucederá caso eu falhe em minha difícil e prazerosa missão, e esse colar que uso representa seu poder, essa corrente representa ele. Assinado: Lobo. – A voz vinha da própria cabeça dele, como algum tipo de dupla personalidade.
Tudo foi escrito pelo garoto, a partir daquele momento, ele teria duas pessoas dentro da sua cabeça, ou pelos acreditava que teria, foi uma confusão quando o encontraram desmaiado no Shopping totalmente bêbado e drogado, felizmente ele jogou as garrafas que viria a consumir após o ritual, no lixo, nem chegando a serem percebidos pelos distraídos funcionários do local, que apenas o expulsaram e deram uma tremenda bronca em seus pais, que o deixaram de castigo.

Brasília,Brasil 10/03/2001

- Eu te apresentei esse jogo há poucos meses, agora você vence praticamente todos aqui na Doberman RPG! – O mesmo menino de 14 anos falava para o de 11, que havia vencido todos na pequena loja, além de ter aprendido os jogos que foram ensinados pelo companheiro, o menino de óculos havia aprendido muitos outros e se tornado um mestre em quase todos os tipos de RPG.
-Walter, eu repeti de ano na minha segunda série e não faço a mínima idéia do que seja divisão, mas quando jogo RPG eu me sinto verdadeiramente vivo, na verdade, se eu pudesse eu faria com que esse jogo se tornasse real.
- Não exagera, não tem como fazer isso.
- Não, eu farei. Daqui em diante quero que todos me chamem de Lobo, aquela criança que era péssima em todas as matérias e ficava arrumando briga não existe mais, agora só existe um RPGista fervoroso que irá liderará o maior clã que já existiu.
- Com seu talento, não duvido, toda sua burrice na escola é compensada aqui.
- Então vamos, nosso grupo será conhecido como o Círculo das Depravações.
- Que merda de nome é essa?
- O nome que combina com o criador.
- Realmente, combina muito.